quinta-feira, 11 de junho de 2009

Moradores da Juréia ganham esperança

Adin que restabelece Estação Ecológica pode ajudar a corrigir 20 anos de injustiça social e abandono ambiental

“O que num primeiro momento poderia parecer desesperador para a comunidade na verdade constitui a primeira oportunidade efetiva de o ambientalismo paulista corrigir 20 anos de erros e injustiças e, com um mínimo de reflexão, criar um modelo de gestão responsável para as Unidades de Conservação, que reconheça a eficiência de políticas públicas vitoriosas no País - que têm se mostrado capazes de assegurar os direitos humanos e a geração de renda - e, principalmente, constatar que somente a presença do homem, da comunidade estabelecida, pode conter a biopirataria, o roubo indiscriminado de patrimônio natural, a ameaça de extinção de nossos valores culturais e, mais ainda, respeitar a constituição e leis federais”, comemora Dauro Marcos do Prado, presidente da União dos Moradores da Juréia, ao comentar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo Ministério Público e julgada ontem pelo Tribunal de Justiça de São Paulo que considerou inconstitucional a lei que criou o Mosaico Juréia-Itatins.

“Se o homem da Juréia for tratado pelo menos como bicho já vai representar um grande avanço para qualquer um deles e espero que nenhum se ofenda, mas me sentirei melhor se isso, que é o mínino, acontecer. Nós viemos a São Paulo para trocar experiências sobre gestão em reservas de uso sustentável e estamos chocados, sensibilizados pelo quanto o povo da Mata Atlântica que estamos conhecendo tem se mostrado sofrido, vendo seu modo de vida e sua floresta serem destruídos e com um diálogo com o governo que parece que nunca chegará a lugar algum”, observa o amazonense Antônio Almires, da RDS Uacari.

Também surpreso com a situação, Erivan Moraes, do Conselho Nacional dos Seringueiros, não se conforma com o fato de que ainda possam existir a 150 km da capital do Estado mais desenvolvido do País moradores sem acesso a energia elétrica e comunicação de qualquer espécie, seja por telefonia fixa, móvel ou mesmo radiofônica. Moraes assegura que, mesmo contando em alguns casos apenas com energia de geração termoelétrica a diesel, 90% das Unidades de Conservação do Amazonas, ainda que distantes até 1.200 km da capital Manaus, têm acesso a energia elétrica e comunicação – inclusive via internet –, o que lhes assegura, entre outras facilidades, capacitação profissional à distância.

Os comunitários amazônicos e a UMJ-União dos Moradores da Juréia participam de um programa de visitas a comunidades da Juréia e Vale do Ribeira que culminará com a realização, dia 16 de junho, às 14h30 do seminário “Gestão Participativa em Reservas de Desenvolvimento Sustentável: Integração dos Povos da Amazônia e Mata Atlântica”, promovido pela Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo com patrocínio do Ministério do Meio Ambiente. O grupo esteve ontem com os moradores da RDS do Despraiado e hoje participa de audiência na Câmara Municipal de Pedro de Toledo.

Um comentário:

  1. Até quem chega agora na nossa região se sensibiliza com nossa realidade,
    onde estamos errando que não conseguimos sensibilizar os que estão no poder? se é que é possivel tal façanha.
    obrigada pela contribuição amazonense.

    vamos em frente, temos objetivos claros, estamos juntos... avante companheir@s.
    Adriana Lima-UMJ

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